Atualizado em 10/11/25 - Escrito por Thiago Leão com colaboração de João Pedro Brutschin na(s) categoria(s): Produção
Entende-se gestão de produção como o trabalho de planejar, organizar, dirigir e controlar os processos produtivos de uma indústria. Busca-se a eficiência produtiva, ou seja, maximizar sua produção enquanto se reduz os custos desnecessários de recursos.
O trabalho do gestor de produção, então, depende de estudo e experiência constante com os processos fabris. Sem entender como funciona a fábrica, é impossível operar na mesma e realmente trazer soluções para os gargalos e outros desafios enfrentados pela empresa.
Conhecer como funciona a gestão de produção, seus objetivos e a carreira do profissional especializado é fundamental para quem quer operar no setor industrial. O artigo abaixo foi escrito com todo o beabá sobre o assunto para que você não precise pesquisar mais.
Se tiver dúvidas, deixe nos comentários. Faça uma boa leitura!
Índice do artigo

Gestão de produção é a administração de todos os processos produtivos de uma indústria. Isso significa padronização de atividades, eliminação de gargalos, otimização de processos produtivos, expansão da produção, garantia de qualidade, conformidade com Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) e melhoria contínua nos resultados como um todo.
O objetivo central é a maximização dos resultados com redução de custos – ou seja, a eficiência produtiva.
Ao alcançar-se a eficiência produtiva, a gestão de produção cumpre sua função de gerar resultados melhores para a indústria. Isso é, aumento de faturamento, rendimento, a produção em si, enquanto se reduz o gasto de recursos de mão-de-obra, matéria-prima, energia e outros.
Dessa forma, a gestão de produção tem um papel fundamental na qualidade de vida dos trabalhadores, no uso de recursos naturais do mundo (que são finitos) e na lucratividade de uma indústria.
Essa gestão deve ser feita com base em princípios fundamentais:
A definição de como aplicar a gestão de produção depende de qual recorte estamos fazendo desse trabalho. No entanto, existem instruções gerais de por onde começar o trabalho de um gestor de produção em uma indústria. Explicarei quais são.
Inclusive, você pode entender as instruções abaixo como uma aplicação do PODC da gestão de produção.
É importante que o gestor comece entendendo o produto que está sendo produzido e qual é a sua demanda. Isso é, quantidade de produtos demandados, as variações de fabricação (produtos personalizados x produtos padronizados), quantidade de pedidos, e urgência nas entregas.
Com isso, deve passar a olhar para a capacidade produtiva atual da empresa.
Essa tarefa se realiza ao verificar como entregar a demanda usando sua capacidade produtiva atual e se há necessidade de expandi-la com compras de máquinas, contratação de pessoal, ou outras decisões que impactem na produção.
Vale também identificar os gargalos de produção aplicando a Teoria das Restrições, que ajuda a localizar e priorizar os pontos que limitam o desempenho do sistema.
O passo seguinte é definir estratégias para acelerar e reduzir custos do processo produtivo sem prejudicar seus recursos atuais. Isso pode significar gerenciar melhor as perdas e sobras, reorganizar a escala de trabalho, capacitar os funcionários ou reorganizar o layout da fábrica.
Agora, você precisa avançar. É hora de começar a implantar o PCP e o PPCP da empresa. Você começa fazendo o planejamento e, de preferência, também a programação da produção.
Então, você planejará as matérias-primas a serem usadas, estoque de segurança da empresa, o MRP e o Plano Mestre de Produção (MPS).
Por fim, chegamos ao controle de produção: fundamental tanto para o PCP quanto para o PPCP. Você precisa acompanhar as operações e os KPIs da produção para tomar decisões de melhoria.
Inclusive, o seu maior aliado aqui é um dashboard que mostre dados em tempo real, obtidos diretamente das máquinas através da integração de ERP com MES e de monitores de apontamento de produção no chão de fábrica.
Esse controle, então, se refere tanto à presença e fiscalização física dos processos quanto ao monitoramento dos dados gerados pela produção.
Dito isso, vamos conhecer o arsenal do gestor de produção:
O gestor de produção precisa unir conhecimento teórico e vivência prática em metodologias que apoiam a administração de processos, a tomada de decisões, a organização de dados e as operações industriais. Além de dominar o arsenal clássico da gestão de produção, ele deve se manter atualizado sobre os métodos mais modernos e inovadores do setor.
Com isso em mente, trago alguns dos conceitos, ferramentas e métodos que devem estar na ponta da sua língua (e também da sua caneta):
O lean é uma metodologia de produção com foco na redução e até erradicação do desperdício na manufatura, composto por princípios, filosofias e técnicas que evoluem junto com a tecnologia. Tem origem no estudo do sistema de produção enxuta da Toyota, o Sistema Toyota de Produção, e é aplicado com diferentes ferramentas e metodologias.

Traduzido como “no momento certo”, Just-In-Time é uma filosofica lean de manufatura onde a empresa busca produzir tudo e apenas a quantidade exata para atender a uma demanda, inclusive comprando matéria-prima no momento correto para que chegue a tempo da produção para não atrasar a demanda ou formar estoques parados entre as etapas do processo produtivo.
O Just-In-Time é um norte a ser buscado, sendo muito difícil conseguir sua implantação 100% (matérias-primas chegando exatamente no momento que vão ser usadas).
O sistema Kanban é um método de organização de tarefas que começou na gestão de produção e funciona ao dividir as atividades em cartões físicos ou digitais dispostos em colunas que representam as etapas do processo.
Kaizen é uma palavra japonesa que significa mudança para melhor e é a filosofia de melhoria contínua aplicada nas indústrias que se inspiram no Sistema Toyota de Produção, operando na busca por sempre trazer melhoras para sua indústria, sem parar.
O relatório de produção é o documento usado por fábricas para apresentar e analisar suas informações de capacidade e desempenho durante certo período. É imprescindível para o gestor de produção acompanhar os resultados da indústria.
PCP (Planejamento e Controle de Produção) é a ferramenta fundamental de gestão produtiva que funciona planejando quando, quanto e onde produzir, em que ordem, e ainda verificar se tudo está ocorrendo conforme o planejado.
PPCP é a sigla para Planejamento, Programação e Controle da Produção, uma evolução do PCP, e se trata de uma ferramenta de acompanhamento completo dos processos voltados para a fabricação e distribuição de produtos.
Lead Time é o conceito de gestão de produção que se refere ao tempo necessário para percorrer todo o ciclo de produção, desde o pedido do cliente até a entrega do produto.
Gemba vem do japonês para “o lugar real” e é um conceito japonês de gestão industrial onde o líder deve conhecer pessoalmente o chão-de-fábrica para observar, entender e analisar a operação, propondo melhorias práticas e reais, uma vez que então há a visualização do local.
Heijunka é um termo do método lean, significa “nivelamento” e se refere ao nivelamento da produção para que o fluxo de um processo atenda melhor às demandas dos clientes com o menor desperdício possível.

Takt Time é uma ferramenta importante de produção que aponta o tempo realmente necessário para sua empresa concluir o processo de produção e entrega de uma demanda, sendo um norte para você usar ao pensar suas estratégias e tomar decisões a fim de não ultrapassar essa métrica.
Jidoka significa “automatização com um toque humano” e é o nome da abordagem de produção do Sistema Toyota que foca em detectar e corrigir problemas na linha de produção de forma imediata, prevenindo o acúmulo de erros e prejuízo.

Os indicadores-chave de desempenho são a ferramenta mais importante para qualquer tipo de gestor (produção ou não) controlar seus resultados.
É através dessas métricas que ele acompanha o verdadeiro estado da empresa e as consequências das suas tomadas de decisão – e ainda conclui quais são as próximas a serem tomadas.
Entre os KPIs de produção, há:
A gestão de produção na década atual não pode ocorrer como era feita no passado. Você, profissional gestor ou que pretende se tornar um, precisa atualizar seu trabalho e seu conhecimento. Com isso, sua realidade operacional precisa ser sustentada por estes 5 pilares:
É preciso planejar e programar sua produção de forma estratégica e parece estranho colocar isso em gestão moderna, mas ainda há profissionais que não o fazem.
Fora algum plano ou outro, há líderes que operam de forma reativa ou ao menos desatualizada quanto às estratégias mais atualizadas e validadas de gestão, ignorando não apenas chances de inovação, mas também de estar a par com a situação atual do setor.
O gestor de produção com certeza não precisa ser um técnico de tecnologia da informação ou um desenvolvedor de softwares, mas passou do ponto de saber mais do que ligar um computador.
Gestores de produção precisam estar a par das ferramentas mais avançadas de automação e informática, buscando formas de implantá-las na sua empresa. Ainda mais que conhecimento não é mais tão caro e há até certificações grátis de implantação de ERP.
Conheça a Certificação Nomus (gratuita).
Se você não fizer controle de qualidade, o público e os órgãos reguladores farão. Isso significa que se você não garantir bons produtos, a baixa de vendas ou a negação de autorização para operar irão interromper sua fábrica. Você, como gestor, precisa ter a qualidade na palma da mão.
É verdade que existem profissionais especializados em gestão de qualidade e que você pode delegar essa liderança. No entanto, você deve acompanhar de perto esses números, pois seu trabalho será diretamente impactado.
O conceito de sustentabilidade está diretamente relacionado à eficiência produtiva. É do interesse e objetivo da gestão de produção diminuir o gasto de recursos, reduzindo o desperdício ao mínimo possível. Dessa forma, você garante tanto a saúde do planeta quanto das finanças da fábrica.
Essa busca por uso racional de recursos pode ser realizada através de métodos mais eficientes de produção, troca de estratégias, e até mesmo mudanças na matéria-prima utilizadas em suas mercadorias.
A melhoria contínua é uma proposta do sistema toyota de produção, que surgiu entre os anos 1950 e 1970, mas até hoje não foi implantado na maior parte das indústrias. Por isso, uma “novidade antiga” como essa continua sendo inovação em muitas empresas.
O gestor de produção que quiser se destacar no mercado já deve se candidatar no mercado com propostas de melhoria contínua aos empregadores e clientes. Ter ideias de como implantar estratégias de kaizen é um diferencial.
Um dos conceitos básicos e importantes para a gestão de produção é o de sistema produtivo. Isso é, a estratégia geral de como a manufatura da sua empresa se dará perante à demanda, evitando estoque parado e atrasos na entrega.
Existem 4 tipos:
É usada geralmente por empresas cujos produtos acabados não são padronizados e atendem a uma necessidade diferente para cada cliente.
Geralmente trabalham com médios ou longos prazos de entrega, com produtos acabados que podem ser diferentes para cada cliente, dificultando a previsão de demanda ou de estoque mínimo de insumos, mas também traz mais segurança para o abastecimento desses insumos e a alocação dos recursos produtivos.
Esse tipo é bastante útil para empresas que precisam diminuir seu espaço físico e ainda permite que o cliente acompanhe o pedido remotamente em cada etapa do processo.
Comum em indústrias de itens padronizados. Trabalha com prazos menores, porque a empresa precisa estar pronta para atender à demanda assim que chega, com mercadorias à pronta entrega.
Quanto mais padronizados os produtos, mais fácil se torna gerar dados históricos de vendas que, junto com outras informações recorrentes, permitem calcular previsão de vendas precisa.
Da mesma forma, o planejamento de estoque e de insumos de produção fica mais acertado com a demanda, tal como a alocação de recursos financeiros e produtivos.
Um dos seus desafios é o espaço físico – demandam almoxarifados e centros de distribuição que comportem quantidades coerentes com sua produção.
Por sua vez, a produção por projeto é uma forma de produção ainda mais personalizada do que aquela por demanda. Na verdade, em vez de personalizar produtos em partes, oferece produtos totalmente customizados ou até mesmo únicos para atender as especificações dos clientes.
Não há um fluxo repetitivo e cada projeto é tratado como um produto singular, com recursos específicos e cronograma de desenvolvimento único.
Seus desafios de estoque envolvem os insumos e materiais de produção, requer uma equipe de engenheiros com boa capacidade de entender o cliente com conhecimento para desenvolver as peças pedidas. Inclusive, alguns projetos podem demandar criatividade, caso a solução ainda precise ser desenvolvida ainda.
A produção sob montagem contra pedido de venda é aquela que produz previamente as peças que normalmente usa em seus produtos. No entanto, a montagem em si das mercadorias só ocorre perante a demanda do cliente.
Requer um certo grau de padronização e esse método pode se dar tanto por produtos que possuem prazo de validade após o processamento, que exigem uma ocupação maior dos armazéns após a montagem (exigindo que se faça apenas com a entrega) ou que permitem algum tipo de personalização perante a montagem, com ou sem produção de peças extras.
Trabalhar com gestão de produção pode ser uma decisão de carreira. O Brasil abriga muitas indústrias fortes, além das oportunidades de trabalhar fora. Ajudo você a entender melhor a carreira de gestor de produção no artigo abaixo.
O escopo completo do gestor de produção compreende a gestão de processos produtivos em uma indústria. Isso significa planejar, programar, controlar, fiscalizar, acompanhar e intervir para que se cumpra os objetivos da indústria.
O cargo de gestor de produção não exige nenhuma formação específica, no entanto, há sim indicações de caminhos a seguir. Os profissionais dessa carreira costumam ser engenheiros de produção ou administradores e, começando por um caminho ou pelo outro, será necessário complementar seu conhecimento com o que falta.
Isso é, um engenheiro de produção terá que aprender mais sobre administração se quiser fazer gestão produtiva, assim como o administrador precisará aprender mais sobre processos produtivos.
Normalmente, esses conhecimentos complementares vêm através de cursos de especialização, pós-graduação, MBA e experiência prática na indústria.
Também há a possibilidade de realizar cursos técnicos e outros específicos para gestão de produção para iniciar na carreira – mas também não são obrigatórios nem necessariamente o padrão.
Não dá para esquecer, também, que cada indústria opera com produtos e processos diferentes e podem exigir conhecimentos específicos.
O profissional que quiser trabalhar com gestão de produção precisa desenvolver tanto habilidades técnicas quanto pessoais para ter sucesso.
É o que chamamos de hard e soft skills, competências para lidar com ferramentas e com humanos, com máquinas e consigo mesmo.
Entre as habilidades exigidas para o sucesso dessa carreira, a primeira que mais chama a atenção é a gestão de pessoas e liderança.
Muitas pessoas pensam em produção e logo se lembram de máquinas, esteiras e fabricação, mas esquecem que há colaboradores no chão-de-fábrica.
Saber liderar esses operadores para os melhores resultados, mediar conflitos, mantê-los motivados, cobrá-los e recompensá-los de forma adequada e ter uma boa relação é primordial na gestão produtiva.
Em seguida, precisamos falar da tomada de decisão sob pressão. As máquinas da indústria não param – ao menos não podem parar. Exige-se cada vez mais produtividade das fábricas e tomar decisões certas na hora certa é um diferencial.
Essas decisões ainda devem ser feitas com base em raciocínio lógico e analítico, outra skill que o gestor deve ter, e que, claro, deve estar acompanhada de conhecimento técnico de causa.
Você precisa ter conhecimento real dos produtos da fábrica, como funcionam os processos e quais são os objetivos a serem atingidos.
Lidar com tecnologia também é uma habilidade necessária. É impossível no ano atual um gestor operar sem conhecimento de sistemas ERP/MES, assim como outros complementares de automação, se quiser estar minimamente competitivo no setor industrial.
Por fim, todas essas e outras habilidades devem ser abastecidas pela busca por capacidade de inovação e melhoria contínua.
Salário médio de gerente ou gestor de produção industrial, conforme os diferentes portais de empregos:
Profissionais e estudantes da indústria podem aprimorar seus conhecimentos de produção com cursos gratuitos oferecidos pela Nomus. Há aulas com certificados a respeito de diversos temas, como engenharia de produtos, gestão de estoque e até cobranças.
Conheça a Academia Nomus:
A busca pela gestão de produção eficiente passa por usar ferramentas de automação, como um ERP Industrial. O sistema de gestão integrada para indústrias permite conectar e centralizar dados e operações em uma única tela.
A título de exemplo, cito o Nomus ERP Industrial, o sistema brasileiro mais especializado em trazer módulos básicos e avançados de produção.
Entre eles, estão:
Faça a Certificação Nomus gratuita para aprender a operar o sistema e avançar na sua carreira, e acesse a demonstração grátis do sistema:
A gestão de produção é um dos tópicos centrais do blog industrial da Nomus. Com frequência, eu, colegas e convidados publicamos matérias relacionadas a este assunto.
Técnicas e estratégias, ferramentas para tomadas de decisões, processos produtivos, entre outros, são os temas que abordamos.
Se quiser saber mais sobre produção, convido você a inscrever-se no blog para ser notificado sempre que uma nova matéria for ao ar e, também, seguir nossas redes sociais para receber pílulas de conhecimento:
Obrigado e vamos em frente!
Engenheiro Mecânico Industrial formado na UERJ, Sócio e diretor comercial da Nomus. Thiago já atuou em fábricas de diversos setores, como: Embarcações, perfuração submarina, metal mecânica, materiais de escritório, alimentício, cosméticos e tubulação.
Encontre Thiago Leão nas redes sociais:
Participe! Deixe o seu comentário agora mesmo: