Dicas para formação de preço em indústria de fundição


Atualizado em 7/11/23 - Escrito por Gilson Lima na(s) categoria(s): Custos e Finanças

Custos industriais

O mercado de fundição, principalmente o de ferro fundido (cinzento e nodular) tem como principal cliente a indústria automobilística, havendo uma tendência de substituição por outros materiais mais leves como alumínio, magnésio e plástico, trazendo como vantagem a performance e a redução do consumo de combustíveis dos veículos, cujos preços vem alcançando valores estratosféricos principalmente com a guerra que se desenvolve no Leste Europeu.

É um setor que requer altos investimentos em equipamentos, sofrendo rápido desgaste devido tratar-se de um ambiente bastante agressivo e uma verba considerável com custos de manutenção, além de correlacionar uma gama de investimentos paralelos em equipamentos para proteção do meio ambiente, evitando pesadas multas pelos órgãos de fiscalização.

A inovação e a automação têm melhorado a produtividade e os trabalhos são executados da primeira vez sem erros, eliminando-se retrabalhos, buscando acuracidade da peça fundida de acordo com a especificação dimensional, eliminando a usinagem pois a peça estaria pronta para o consumo, eliminando o sobremetal com redução de custos.

DIVISÃO DE MANUFATURA

A divisão de Manufatura engloba as operações produtivas e três departamentos de serviço. As operações produtivas são compostas pelos seguintes centros de custos:

  • MODELAÇÃO – confecção do modelo de acordo com a peça planejada;
  • MOLDAGEM – a areia é preparada com seus componentes necessários e através dos silos, abra e caia para moldagem da peça;
  • MACHARIA – confecção dos machos;
  • FUSÃO – com a utilização de diversos componentes, o ferro é preparado nos fornos;
  • VAZAMENTO – enchimento do molde com o metal líquido;
  • DESMOLDAGEM – após o resfriamento as peças são retiradas do molde; e
  • REBARBAÇÃO E LIMPEZA – nesta área a peça sofre a operação de quebra dos canais do vazamento, passa pelas máquinas de limpeza, em seguida entra na linha de rebarbação para eliminar as arestas e acabamento.

Os três departamentos de serviços que dão suportem às operações produtivas são:

  • LOGÍSTICA – que absorve as funções de controle de estoques, compras, programação e controle de produção, tráfego, recebimentos e despachos;
  • ENGENHARIA – engenharia da produção, processos e produtos; e
  • MANUTENÇÃO E REPAROS – é responsável pela manutenção e reparos de todas as áreas da fundição.

Veja também: Sistema de controle de produção: o que é, quais as funcionalidades e exemplos

SISTEMAS DE CUSTOS

Ao aplicarmos o RKW, Integral, Absorção (único aceito pela legislação), Direto/Variável e ABC, métodos esses chamados de tradicionais, chegamos a decisões que levam a empresa a fugir de sua meta principal, que é ganhar dinheiro.

A utilização de rateio, quase sempre subjetivo, levam a erros, não importa o critério. Qualquer rateio cria otimizações locais que não são benéficas para o sistema, nos dá a ilusão de que economizaremos os custos alocados aos produtos se pararem de produzi-los, o que não é verdade, não deixaremos de ter parte de uma máquina, se pararmos de produzir um produto dos muitos que são processados nela.

Estrategicamente o RRC (Recurso com Restrição de Capacidade) deve estar posicionado onde o custo de investimento para aumentar a capacidade seja muito elevado, evitando-se dessa forma deslocações constantes dos recursos restritivos, inviabilizando a definição do “mix” de produtos mais rentáveis.
Cada componente do sistema, deve ser avaliado em termos de contribuição para o objetivo do sistema, e não para competições individuais.

A crítica que a TOC faz a Contabilidade de Custos é que ela está fundamentada na administração científica, continuam baseadas no paradigma taylorista, da “Empresa-Máquina”. A Contabilidade de Custos está preocupada com a necessidade de alocação de custos ao produto, se embasando em ótimos locais para se chegar ao ótimo global.

O Sistema ABC que surgiu como grande solução, pelo avanço da tecnologia, pelo crescimento da “Overhead”, devido a substituição da mão de obra pela robotizada, é super trabalhoso, não evita rateios, é dispendioso e não leva a boas decisões.

A TOC está no mundo dos ganhos, não está preocupada nos cálculos de custo dos produtos, mas sim no impacto de cada decisão no resultado final. As informações precisam estar próximas das decisões, no momento certo, a TOC pela sua simplicidade e rapidez é mais eficiente e eficaz, levando ao poder decisório com linguagem mais acessível.

(Tirado da Monografia apresentada à FECAP, CEAP e ao CRC-SP, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Conclusão do Curso de Pós-Graduação em CUSTOS. Elaborado por Gilson José Rio Lima).

MATERIAIS DIRETOS

Os itens que compõem os custos dos materiais são: (+) custo da nota fiscal (preço de mercado); descontos incondicionais; (+) despesas acessórias como fretes e seguros; (-) impostos recuperáveis.

Vale ressaltar que esses itens devem ser valorizados a custos de reposição na data da entrega do produto.
Pelos princípios da TOC esses custos são considerados totalmente variáveis, bem como os impostos incidentes diretamente sobre o faturamento e as comissões.

No caso de uma fundição teríamos os componentes da carga metálica. O seu custo variará em função das diferentes ligas. Assim teríamos tantos índices, quantos forem os tipos de ligas.

Para o cálculo do índice utilizamos o custo unitário de cada componente da carga metálica, a percentagem de cada um no total, e o produto destes números, nos dará o valor com que cada componente entra no preço por quilograma. Somados teremos o preço da liga que acrescido da percentagem de perda por queima (perda não recuperada) nos dará o preço final.
O mesmo cálculo deverá ser observado para os componentes da areia para Moldagem, idem para a Macharia.

Importante pesar em uma balança de precisão todos os ingredientes que compõe as ligas na entrada, após, pesar as peças produzidas, comparar o que peso que entrou com o que foi obtido através das peças, resultando a diferença no cálculo da perda de fusão, repetir no mínimo uma semana.

CAPACIDADE PRODUTIVA

Deve ser evitada a ociosidade fabril e consequentemente a deterioração econômica. Quando se estabelece a Previsão de Produção, sempre em quantidade de produtos, pode-se calcular o custo de transformação total envolvido, que é então comparado com a capacidade produtiva anteriormente calculada (aproveitamento total da mão de obra disponível e a totalidade das Uts (Unidades de Trabalho).
Todos os gerentes, em todos os níveis devem estabelecer os fluxogramas (padrões) dos processos sob sua responsabilidade.

Qualquer que seja o processo decisório de uma indústria, este deve estar intimamente ligado à administração da produção.

Não se deve equilibrar a capacidade com a demanda do mercado. O que deve ser equilibrado é o fluxo, e não a capacidade.

FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Neste ambiente competitivo, a decisão da formação do preço de venda está no nível estratégico, uma vez que completa a ligação com o mercado.

Deve ser levado em consideração a estratégia da empresa, as variáveis externas e as internas que influenciam os preços.

Os métodos mais seguros para se fixar um preço de venda, pode-se seguir de um modo geral o seguinte caminho:

  • 1) Traga à empresa o maior lucro possível (maior contribuição), levando em consideração a Contribuição Marginal Unitária e a demanda de vendas a ser atingido em decorrência do preço estipulado; (Este número é comparado ao ganho mínimo por hora de restrição que a empresa gostaria de ganhar em todos os trabalhos).
  • 2) Possibilite à empresa atender à demanda de venda esperada àquele preço;
  • 3) Buscar a possibilidade mais lucrativa dos meios de produção disponível: capacidade de trabalho (esforço de transformação), equipamento, matérias-primas, capital de giro, entre outros.
  • 4) Os preços de vendas devem ser calculados para pagamento à vista e para manter o mesmo nível de Contribuição Marginal, deve-se aplicar um fator de correção que faça com que o preço a prazo traga o mesmo retorno que o preço à vista, que cubra o custo financeiro do financiamento que o cliente obtém da empresa.

Quem tem de dar lucro é a empresa e não o produto. Deduz os Custos Totalmente Variáveis da Receita Líquida (Receita Bruta menos as Despesas Proporcionais de Vendas), o que sobra é chamado de Margem de Contribuição, retira-se os Custos e Despesas Fixas, o que sobra é o Resultado Líquido Operacional.

Sobre o autor

Este artigo foi escrito por Gilson Lima, que é formado em Economia e Contábeis, pós-graduação em Finanças e Custos, MBA em Gestão Empresarial pela FGV e Conselheiro de Administração certificado pelo IBGC. Além disso, Gilson possui cinquenta e seis anos de experiência em indústrias, exercendo cargo de Gerência e Diretoria, principalmente nas áreas Financeira e Controladoria.

Para entrar em contato com Gilson e sua empresa de assessoria e consultoria empresarial, utilize os dados abaixo:

  • GILSON JOSÉ RIO LIMA
  • GJRL ASSESSORIA E CONSULTORIA EMPRESARIAL
  • FONE: (35) 3435-4308
  • CELULAR: (11) 95303-4543
  • E-mail: gilsonriolima@gilsonlima
Custos industriais

Participe! Deixe o seu comentário agora mesmo: